O treinador e membro da equipe de damas da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação, Mário Ramos Sobrinho, irá participar do campeonato internacional de damas Salou Internation Open Draughts Tournament, em Barcelona (Espanha), entre os dias 21 a 29 de maio.
O torneio é a maior competição de jogos de damas do mundo, com participantes de vários países e Sobrinho tem o melhor ranking dentre os brasileiros convidados para competir. Atualmente, ele está 37ª posição do ranking. O treinador tem título de mestre federação junto à FMJD (Federação Municipal de Jogo de Dama) e faz parte da equipe de damas de Araçatuba há 20 anos.
Em entrevista, o aratubense conta o que o esporte trouxe de positivo em sua vida, como ajuda no exercício de concentração, criatividade, raciocínio lógico e compartilha sua expectativa para o torneio na Espanha. Defende também, o ensino de jogos de damas e xadrez nas escolas municipais da cidade de Araçatuba para contribuir na qualidade do ensino.
Leia a entrevista na íntegra:
Com quantos anos você começou a jogar damas?
Mário Ramos Sobrinho: Desde os quinze anos.
O que o jogo de damas influenciou e trouxe de positivo na sua vida?
Mário Ramos Sobrinho: Como esporte mental, a exemplo do xadrez, ajuda no raciocínio lógico, concentração, aguça a criatividade, exercita o cérebro, etc.
Você acha que as pessoas que jogam dama e levam a sério esse esporte sofrem preconceito?
Mário Ramos Sobrinho: Depende do grau de conhecimento e cultura das pessoas que irão julgar. Deve-se separar o lado recreativo do lado competitivo do jogo de damas. No Brasil, o jogo de damas como competição não é tão divulgado como em alguns países da Europa (Holanda, França, Bélgica e todos países do leste europeu). Diferente do xadrez, o jogo de damas tem duas modalidades: 64 e 100 casas. O Open de Salou, bem como Panamericanos, Europeus e Mundial são todos realizados com o tabuleiro de 100 casas, que é bem mais complexo que o jogo de damas tradicional.
Para se ter uma ideia da dificuldade deste jogo, há alguns finais (quando o número de peças no tabuleiro estão bem reduzidos) que nenhum software (programa de computador) consegue resolvê-los, mesmo com todo avanço tecnológico desses programas através dos tempos. Outro exemplo da sua dificuldade é que o tempo de reflexão (tempo cronometrado por relógio específico para o jogador fazer seus lances) no jogo de Damas de 100 casas é maior que no do Jogo de Xadrez. Não é incomum uma partida perdurar sete, oito ou nove horas, o que é extremamente desgastante.
Você acha que escolas poderiam incorporar o jogo de dama em alguma matéria para ajudar no desempenho dos alunos?
Mário Ramos Sobrinho: Sim, inclusive em Araçatuba (SP) há uma lei municipal que autoriza incremento de jogos de damas e xadrez nas escolas do ensino fundamental como matéria suplementar. Já há um movimento da Secretaria de Esportes, para, junto com a Secretaria de Educação, efetivar o jogo de damas e xadrez nas escolas do ensino fundamental de Araçatuba. O jogo de damas e xadrez, como esportes mentais podem contribuir para a qualidade do ensino das crianças, uma vez que aguça a memória, paciência, concentração, compreensão global, raciocínio lógico, etc. Há estudos de melhora das notas escolares depois da introdução desses esportes nas escolas.
Quais os principais campeonatos que você participou durante sua carreira?
Mário Ramos Sobrinho: Já participei de inúmeros campeonatos (brasileiros, paulistas, panamericanos, jogos abertos, jogos regionais, torneios internacionais, etc).
Qual a sua expectativa para esse torneio na Espanha?
Mário Ramos Sobrinho: Meu objetivo é ficar entre os vinte primeiros lugares, mas não é fácil, devido o alto nível da competição. Os favoritos são jogadores russos, holandeses, ucranianos e oriundos de outros países do leste europeu.