Nascido em Araraquara (SP), no dia 14 de julho de 1946, Sidney Cinti foi vereador, prefeito e deputado estadual. Tinha 6 anos de idade quando sua família se mudou para Araçatuba.
O pai, Nelson Cinti, era "pedreiro dos bons". A mãe, Aparecida de Lima Cinti, era lavadeira. O casal teve 12 filhos: José, Cláudio, Sidney, Elza, Nelson, Rinaldo, Sueli, Fátima, Sílvio, Cláudia, Ronaldo e André.
Cinti começou a trabalhar aos 6 anos de idade, vendendo o sabão que a mãe fazia para conseguir uma renda extra. Ele também foi engraxate e vendia bananas.
Sidney Cinti foi representante comercial autônomo, profissão que dizia ter muito orgulho, pois "nunca precisou depender da política". Mantinha uma grande empresa do ramo no Edifícil Vidal.
Foi casado duas vezes e teve seis filhos.
VIDA PÚBLICA
A vida pública começou na década de 1970, ao participar, como voluntário, de um grupo que ajudava o Asilo São Vicente de Paulo. Em 1974, tinha um programa de rádio e, comovido pelos falecimentos de idosos devido à precária instalação, liderou campanha para arrecadar fundos e construir um novo asilo. As pessoas doavam animais, que eram leiloados. O dinheiro era utilizado na obra.
Em 1976, segundo contou em entrevista à TV Alesp, foi vender bolachas na Cooperativa de Consumo dos Servidores Públicos Municipais de Araçatuba (Cospuma) e acabou sendo convidado para ser candidato a vereador, devido aos bons resultados com a campanha para o asilo, que aumentaram sua popularidade.
Sidney Cinti aceitou entrar na disputa eleitoral, mesmo não sabendo, na época, o que um vereador fazia e nem mesmo onde ficava a sede da Câmara Municipal.
CÂMARA
No mesmo ano, foi eleito vereador pela primeira vez, para a legislatura 1977-1983, obtendo mais de seis mil votos, a maior votação da história de Araçatuba até então, segundo contava em entrevistas.
Entre seus projetos aprovados, destacou, em entrevista, lei de sua autoria que autorizava o Poder Executivo a contratar como servidores 5% de deficientes físicos e visuais na Prefeitura. A lei foi sancionada pelo então prefeito Oscar Luiz Ribeiro Gurjão Cotrim, mas, segundo ele, "ficou na gaveta".
PREFEITURA E CALÇADÃO
Em 15 de novembro de 1982, Cinti foi eleito prefeito de Araçatuba para um mandato de seis anos (1983 a 1988). Era conhecido pelo apelido de "Prefeitão" ou "Gordo", pois chegou a pesar 160 quilos. Logo que assumiu, afirma em entrevista que fez cumprir a própria lei aprovada como vereador, contratando deficientes físicos, medida que acabou virando lei federal.
A construção do Calçadão de Araçatuba, formado pelas ruas Marechal Deodoro e Princesa Isabel, é considerada sua principal obra. O objetivo, segundo ele, era atrair pessoas da região e gerar mais empregos.
Então, decidiu iniciar a retirada do asfalto no final da noite de um domingo, ignorando os protestos dos comerciantes, o que provocou forte resistência e até ameaças de morte, por medo de prejuízo. Cinti afirmou, em entrevista, que ele mesmo dirigiu a retroescavadeira que começou as obras. Depois de pronto, o calçadão acabou se transformando no principal centro comercial de Araçatuba.
Em um programa de TV, Cinti afirmou que, para ele, sua maior obra como prefeito foi "acabar com problemas de falta de água em Araçatuba". E citou a construção de um poço profundo no Bairro Ipanema, que custou três milhões de dólares na época, dinheiro repassado ao município, por meio de convênio, pelo então governador André Franco Montoro.
RENÚNCIA
Cinti renunciou ao seu mandato de prefeito no dia 30 de abril de 1986.
Em entrevistas, alegou que sempre foi contra um mandato de seis anos e que havia combinado com seu vice que comandaria o município por quatro, renunciaria e deixaria que o advogado Valter Tinti assumisse pelos dois restantes. E que, como um homem de palavra, cumpriu o acordo.
Já a imprensa da época afirmou que Cinti renunciou para não ser cassado, devido a irregularidades na compra de uma residência entre as ruas Francisco Braga e Liberdade, ao lado do hoje Complexo Esportivo de Araçatuba. O caso rendeu calorosos debates na Câmara Municipal, principalmente entre os vereadores Hélio Pereira de Souza (oposição) e Nelson Reis Alves (situação).
O ex-prefeito sempre negou essa versão e afirmou que o então Departamento de Água e Esgoto de Araçatuba (Daea), na época a autarquia responsável pelo serviço de água e esgoto do município, teria sido condenado pela Justiça a ressarcir o dono do imóvel por causa de uma infiltração. A irregularidade estaria no valor pago pela autarquia, que teria comprado o imóvel por valor acima do mercado e sem concorrência pública.
PRESIDÊNCIA DA CÂMARA
Sidney Cinti retornou à Câmara Municipal entre 1989 e 1992. E ocupou a presidência do Legislativo no período 1989-1990, quando foi elaborada a Lei Orgânica do Município.
DEPUTADO
Nas eleições de 3 de outubro de 1994, Cinti foi eleito deputado estadual, com 27.432 votos, assumindo uma cadeira na Assembleia Legislativa (Alesp) em 15 de março de 1995, durante a 13ª Legislatura (1995-1999).
Durante seu mandato, foi membro efetivo das comissões permanentes de Economia e Planejamento; da Segurança Pública; e de Fiscalização e Controle, além de suplente na Comissão de Constituição, Justiça e Redação.
Cinti concorreu à reeleição para a Assembleia Legislativa, no pleito de 4 de outubro de 1998, mas não obteve êxito. Ao término do seu mandato parlamentar, deixou o Legislativo Paulista em 14 de março de 1999.
Nas eleições de 1º de outubro de 2000, foi eleito vereador pela terceira vez, fazendo parte da legislatura de 2001 a 2004. Não conseguiu se reeleger.
Cinti também disputou eleições para deputado federal e tentou retornar à Câmara Municipal em outras oportunidades, sem sucesso. Na disputa de 2012, concorreu novamente ao cargo de prefeito, mas não se elegeu.
LIVRO E PALESTRAS
Nos anos seguintes, lançou o livro "Vereador do 3ª Milênio", que escreveu em parceria com o amigo Tadeu Comerlatto. Ambos atuavam como palestrantes em várias cidades do País, tendo como público-alvo candidatos a prefeito e a vereador.
RÁDIOS COMUNITÁRIAS
Cinti também foi radialista e um grande defensor das rádios comunitárias, por beneficiar pequenos comerciantes. Quando foi deputado estadual, promoveu o primeiro encontro das rádios livres comunitárias na Alesp. Fora da política, apresentou um programa chamado "Tá Combinado" na Rádio Comunitária Excelsior, que acabou virando bordão de campanha.
Ainda como deputado, foi responsável por criar uma emenda que obriga a disponibilização de sinais para TVs legislativa, comunitária e universitária em emissoras de TV a cabo.
PAIXÕES
Cinti era torcedor da Associação Esportiva Araçatuba (AEA), time que dizia ser sua terceira paixão da vida, atrás apenas da família e de Araçatuba.
FALECIMENTO
Sidney Cinti trabalhava em São Paulo e pensava em disputar mais uma vez uma cadeira na Câmara Municipal em 2016. Mas, devido a problemas pulmonares, foi internado no Hospital do Servidor Público, onde faleceu 20 dias depois, em 8 de junho de 2016, aos 69 anos.
Cinti foi casado duas vezes e deixou seis filhos.
HOMENAGEM
Em 3 de julho de 2018, foi inaugurada a UBS "Sidney Cinti (Prefeitão)", no Bairro Águas Claras, uma homenagem do município à sua memória.