Hermílio de Magalhães Pinto foi o segundo intendente de Araçatuba, administrando entre 20 de janeiro de 1923 até 2 de agosto de 1924, quando foi assassinado na praça central, aos 52 anos de idade. Era conhecido por seu perfil de administrador dedicado e pacificador.

INTENDÊNCIA

Quando foi fundada, Araçatuba era comandada por um Conselho de Intendência Municipal, formado por nove membros. Um dos intendentes era escolhido presidente e tinha o papel semelhante ao de um prefeito. Os outros atuavam como vereadores, mas sem esta nomenclatura. 

Com a Revolução de 1930, as intendências foram dissolvidas e os chefes do Executivo passaram a ser chamados de interventores, nomeados pelo governador. Um conselho de notáveis, formado por membros da comunidade, poderia dar sugestões, fazer críticas e propostas, mas o interventor não era obrigado a cumprir.  

A Constituição de 1946 deu mais autonomia aos estados e municípios, criando os atuais cargos de prefeito e vereador, que passaram a ser eleitos novamente pelo povo em 1947, assumindo o primeiro mandato em 1948.

SIMPLICIDADE

Hermílio foi descrito pelo delegado Fabriciano Juncal, autor do livro "A verdadeira história de Araçatuba", como um homem simples, trabalhador e pouco envolvido nas disputas políticas, preferindo dedicar-se às questões administrativas.

PRAÇA RUI BARBOSA

Um de seus projetos foi a construção da Praça Rui Barbosa, que viria a se tornar palco de sua execução. Na época, o espaço, na área central de Araçatuba, chamava-se Largo Cristiano Olsen, mas foi alterado, por lei municipal, em 21 de abril de 1923, para homenagear o político e famoso intelectual brasileiro, que morreu naquele ano.

Naquela época, a Praça Rui Barbosa possuía um coreto e ainda era de chão de terra, com jovens árvores, calçada ao redor e algumas cercas de madeira.

INSTABILIDADE POLÍTICA

O período era de forte instabilidade no Estado de São Paulo durante a administração do intendente Hermílio de Magalhães Pinto. A Revolução Tenentista, ou Revolta Paulista de 1924, buscava mudanças profundas na República, como voto secreto, moralização da política e a deposição do presidente Arthur Bernardes.

O movimento, liderado pelo general Isidoro Dias Lopes, sitiou a capital paulista por 23 dias. Ligado ao mesmo partido do governador Carlos de Campos, que precisou deixar a capital durante o período de revolta, Hermílio enviou policiais de Araçatuba a São Paulo para ajudar em sua defesa.

A medida deixou a segurança da cidade com os grupos políticos rivais. De um lado, os aliados do ex-prefeito Joaquim Pompeu de Toledo, que foi o primeiro intendente de Araçatuba e era simpatizante da revolução; de outro, os chamados legalistas, apoiadores do governador, liderados em Araçatuba pelo coronel Guilherme de Souza e que tinham o apoio do intendente.

CRIME BRUTAL

Hermílio foi vítima de um crime brutal na noite de 2 de agosto de 1924, após uma confusão na Praça Rui Barbosa entre partidários rivais, provocada pelo anúncio do fracasso da revolução.

De acordo com relatos de Fabriciano Juncal em seu livro, durante uma discussão, o jornalista Manoel Ferreira Damião, que era legalista, insultou o advogado Jacinto de Barros, apoiador da frustrada revolta.

Barros acabou disparando um tiro no pescoço de Damião, que foi socorrido pelo próprio delegado. Ao final da confusão, Hermílio seguia para sua casa e, ao atravessar a praça, foi assassinado pelas costas por três homens, que estavam escondidos atrás do coreto e foram, tempos depois, identificados.

NOVO INTENDENTE

A Intendência (Prefeitura) passou, então, a ser comandada por Gaspar Prado de Souza, que administrou Araçatuba até novembro de 1924, quando José Gomes do Amaral, do grupo de Joaquim Pompeu de Toledo, assumiu o cargo pela primeira vez - ele seria escolhido para um segundo mandato meses depois.

HOMENAGEM

Hermílio de Magalhães foi homenageado com o nome de uma rua no centro de Araçatuba, entre as ruas Carlos Gomes e Virgílio Ribeiro.